sexta-feira, outubro 31

Sexu Fragile

Não sou um iconoclasta, mas a verdade que brota do dia-a-dia, mormente da incursão aos blogs que tenho visitado ultimamente, desnuda o equivocado mito de que as mulheres são o chamado sexo frágil. Às palavras de Lennon, alguns, restamos:

"Woman I can hardly express
My mixed emotions at my thoughtlessness
After all I'm forever in your debt
And woman I will try to express
My inner feelings and thankfulness
For showing me the meaning of success

Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo

Woman I know you understand
The little child inside of the man
Please remember my life is in your hands
And woman hold me close to your heart
However distant don't keep us apart
After all it is written in the stars

Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Ooh, well, well
Doo, doo, doo, doo, doo
Well

Woman please let me explain
I never meant to cause you sorrow or pain
So let me tell you again and again and again

I love you, yeah, yeah
Now and forever
I love you, yeah, yeah
Now and forever
I love you, yeah, yeah
Now and forever
I love you, yeah, yeah
"

Woman
John Lennon

quarta-feira, outubro 29

C'est la Vie - A Vida não é só isso. O Semáforo à minha frente a me solapar o livre trafegar. Um pensamento distante, errante na tórrida manhã. Música. A miséria indisfarçável que caminha entre nós, invisível. A vida não é só isso. A nesga de céu entre os edifícios incólumes ao vento. Os seus olhos a brilhar no viés da via inóspita. A vida não é só isso. O verde das árvores que circundam o que há de abstrato na concretude fria da loucrópole. Abrem-se os caminhos ao verde do farol. Sigo em frente. A vida não só isso. A vida só mente.

segunda-feira, outubro 27

Saudades de Maio - O mesmo intérprete a contemplar a mesma paisagem, distantes. Um outro momento e sonoridade, entretanto. Esta segunda-feira barulhenta me faz relembrar, entre um sorriso perdido nos lábios e o corpo cansado, um certo dia de maio:


"Sax & Cinzas do Entardecer - Um inconfundível som de sax irrompeu os ares neste entardecer quente de maio. Advindo de algum edifício vizinho, chegou como uma massagem nos tímpanos cansados de tanto barulho, acompanhando o enfraquecer do dia e os pássaros que desfilavam no tom cinzento do céu encabulado pela noite. Somente capitulou após o epílogo solar, cujas cinzas ainda bailavam no firmamento em vários matizes, emolduradas pelo ritmo pulsante da música que foi fraquejando e cedendo lugar às buzinas e sirenes dos carros que se atracavam nas ruas e avenidas da pequena Fortaleza. O belo, quase sempre, é tão efêmero..."

sexta-feira, outubro 24

Relembranças - A exigüidade do tempo me força à busca aos recônditos do passado deste Anomia, do qual pinço dois momentos distintos, em Maio e Agosto de 2003. Em ambos os textos, resgato o link para o Antena Paranóica, ao qual presto meu módico agradecimento à menção que foi feita recentemente a este espaço anômico pelo seu autor, Nonato Albuquerque :

"Chuva e Benção

As gélidas águas que insistem em derramar tragédias do céu à despreparada Fortaleza transformam nosso cenário num quadro que mescla melancolia e beleza. A interdependência dos opostos, será? E la nave va...

Ontem, em navegando pelo excelente sítio do Nonato Albuquerque, Antena Paranóica, me deparei com uma hilariante definição, em forma de desenho, acerca das diferenças que há entre homens e mulheres. Embora a citação possa me render uma acusação de machista, não hei de ser acusado de falta de bom humor. Isso me lembra também os versos de Vinícius em Samba da Benção. Embora não concorde à plenitude com sua visão do imaginário feminino, haja vista a caracterização ateniense das mulheres - seria Chico, Meus Caros Amigos? - não se olvide à beleza dos versos do poetinha:

Senão é como amar uma mulher só linda. E daí?
Uma mulher tem que ter qualquer coisa além da beleza
Qualquer coisa que sofre / Qualquer coisa que chora /
Qualquer coisa que sente saudade/Um molejo de amor
machucado / Uma tristeza que vem da beleza /
De se saber mulher / Feita apenas para amar /
Para sofrer pelo seu amor / E para ser só perdão


(Excerto de Samba da Benção, Vinícius de Moraes e Baden Powell)

Um sociedade onde o seu norte é um auto-patrulhamento irascível, nos impede de brincar com a chuva poética do dia-a-dia e me faz repensar o gostar dos versos de Vinícius. Deixa estar, ou melhor, seguindo o mesmo diapasão, Let it Be e Carpe Diem!

Rogaciano Leite Filho e o Antena Paranóica - Voltando ao Antena Paranóica, seu título, salvo engano (com a palavra final o seu ilustre autor), adveio da frase dita por um equivocado deputado alencarino. Tal frase tornou-se célebre em função da genialidade do saudoso jornalista Rogaciano Leite Filho em sua coluna no Jornal O Povo, há cerca de quinze anos. Eu me recordo que um dia, ainda em minha fase de pré-boemia, encontrei o jornalista no Estoril - então o melhor recanto boêmio em Fortaleza/CE - e lancei-lhe a pergunta sobre a real identidade do deputado (nunca revelada em sua coluna). Eu devia ter uns dezoito anos e acabara de migrar nos rumos do Curso de Jornalismo na UFC. Já me sentia, portanto - arrimado na petulância jovial que descerrava a timidez notória, algumas doses a mais de combustível etílico e a motivação da recém-aprovação no vestibular - um verdadeiro colega do irônico escritor e por consegüinte, devidamente autorizado para discussões jornalísticas. Recordo que, à resposta dada por Rogaciano, a lembrança do nome do parlamentar mencionado somente sobreviveu durante aquela noite. In vino veritas? Nem tanto, pois até hoje não recordo o nome do deputado...

Working Class Beatles - Ontem aproveitei o feriado de 1º de Maio para assistir a alguns capítulos do Anthology. É chover no molhado elogiar o trabalho e dizer-lhe da sensação de alegria e pura nostalgia. Poucas linhas pouco descrevem. Muitas, talvez quase nada. É ver e sentir.

Amigo do Rei - Vou-me à Pasárgada onde o rei me acolhe e me confidencia amizade. Ave, amigos! Hasta segunda-feira..."

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Les Jardin de Versailles, foto tirada em 2002 - Photo by Emerson Damasceno

"Bandeira e Quintana - Enquanto observo, emudecido, o descansar do dia no horizonte nebuloso, sobrevivem à cinza das horas as palavras dos saudosos poetas...

"Se as coisas são inatingíveis -ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos se não fora
A mágica presença das estrelas"

(Mário Quintana - "Das Utopias")

"Não te doas do meu silêncio.
Estou cansado de todas as palavras
Não sabes que te amo ?
Pousa a mão na minha testa :
Captarás numa palpitação inefável
O sentido da única palavra essencial
-- Amor."

(Manuel Bandeira - "Pousa a Mão na Minha Testa)

"...o sol tão claro lá fora,
o sol tão claro, Esmeralda,
e em minhalma — anoitecendo."
(Bandeira in Rondó dos Cavalinhos)


Post Scriptum
: Mais fotos minhas no Fotolog.


Primeiro FlashMob Tupiniquim - É o que noticia o UOL. As "multidões-relâmpago" no Brasil já possuem até uma página de discussão no Yahoo. Uma das que estão à frente da iniciativa é a jornalista Rosana Hermann, do versátil blog Querido Leitor.

Quem ainda não conhece o "FlashMob" (multidão instantânea ou relâmpago, como queira), pode ler uma outra matéria da BBC Brasil .
O Antena Paranóica do Nonato Albuquerque, como sempre se antecipando às notícias dos matutinos, também já tinha divulgado em ótimo texto a inusitada nova onda mundial.

Para não dizer que não falei de amenidades por aqui no Anomia, além de poesia que me acalma a alma. Aliás, o belo luar de hoje é minha testemunha...

E la nave va..."

terça-feira, outubro 21



Play it, Sam - A frase original de uma célebre cena do filme Casablanca, revela mais do que uma simples lacuna. Não vou esmiuçar agora o motivo real, se é que se pode dizê-lo, da imensa e recorrente fama da frase "Play it Again, Sam". Ressalto apenas que a famosa frase, embora amiúde atribuída à obra, não é em nenhum momento dita no filme pela personagem de Ingrid Bergman, Ilsa Lund Laszlo, ou mesmo qualquer outra. A Sr.ª Laszlo, ao contrário, pronuncia apenas as palavras que intitulam este texto, no take em que se dirige ao pianista interpretado por Dooley Wilson: "Play It, Sam".

Eu me permito, entretanto, a licença poética para divagar sobre a magia que existe no termo-factóide "again" e sobre a fixação humana em torno do mesmo. A inclusão, com o passar dos anos, do citado termo e a conseqüente criação da frase famosa, me parece desnudar uma constante busca da humanidade por uma nova chance, um perseguir do "novamente".

Agora um "Fade in" para o rosto quase imutável de Humphrey Bogart, que transfigura-se, numa cena inesquecível, ao ouvir os primeiros acordes de "As Time Goes By". A cena permanece eterna, etérea em minhas lembranças da sétima arte. Ao ouvir-lhe os primeiros acordes, a expressão facial de Humphrey DeForest Bogart ganha uma cor que nem mesmo a película em P&B consegue evitar. O rosto do famígero ator, cujas múltiplas personas pareciam sempre as mesmas, independentemente do papel, restou maculado pela presença da música que o grande amor suplicara a execução.

Devaneio. Talvez a triste sina do ser humano seja a obrigação de tomar decisões e nunca poder vivenciar a opção descartada. Talvez daí advenha nossa paixão pelo "novamente", talvez - apenas conjecturo - assim tenha surgido a frase que não constou da obra de 1942, dirigida por Michael Curtiz: "Play It Again, Sam".

Nosso destino é escolher alguns caminhos e descartar outros. Ao contrário da máxima que diz ser melhor se arrepender do que se fez e não do que se deixou de fazer, acredito que nunca saberemos com certeza se este caminho foi melhor do que aquele, pois com a eleição de um, abandona-se outro à eterna dúvida. Uma díspare realidade que jamais será trilhada. Um duro dilema, saber que nossa existência não permitirá nunca a perfeita reprise de um momento. Pois não será o mesmo o caminho, tampouco o homem.

Este texto - ou seu espelho-, inclusive, foi interrompido antes por conta de um problema no computador. Não mais consegui reeditá-lo à exatidão, pois me fugiu à lembrança o que havia escrito exatamente outrora em sua gênese. Nunca mais o mesmo.

Voltando ao clássico Casablanca, percebo que a face de Bogart, ao ouvir os acordes de As Time Goes By dá-lhe a dor da desesperança em reeditar uma situação que nunca mais acontecerá, pois a opção da personagem de Ingrid Bergman já fora tomada ainda em Paris. A música representa isso. Mas o cinema em sua magia peculiar poderia até mesmo fazê-lo, mas não o fez capitulando da ilusão do "novamente".
Os vastos caminhos que a vida nos coloca sempre dar-nos-ão o benefício da dúvida e a certeza de que uma decisão anulará a outra.

Eis, em meus devaneios de hoje, que ouso vislumbrar o porquê da frase que nunca existiu!

É nisto que dá ouvir a Lady Day cantando As Time Goes By no intermezzo do almoço...

Post Scriptum: Me rendendo um pouco à pesquisa, descubro que a primeira vez que se falou em "Play it Again, Sam", ironicamente, foi em um filme dos Irmão Marx, A Night in Casablanca, de 1946. Já Herbert Ross dirigiu a Woody Allen em Play It Again, Sam, de 1972, cujo roteiro é do próprio Allen. Não obstante, mantenho a minha tese acerca do culto ao "again" :)

domingo, outubro 19

Ave, Vinícius - Hoje o Poetinha completaria 90 anos. Além do fato de ler um belíssimo texto sobre ele no Todos os Sentidos, blog da Ana e de todas as outras homenagens que lhe foram prestadas, amanheci neste domingo, com um ótimo presente recebido justamente na data de hoje. Presente de um amigo-irmão (infelizmente um sem-blog ainda) a quem sou todo agradecimento pelo gesto de carinho e lembrança de "linkar" a célebre data com a minha pessoa: o dvd Musicalmente, no qual, além do Poetinha, há a presença de Toquinho, Tom e Miúcha. O tempo escasso ainda não me permitiu assistir à obra, mas pela breve resenha e pelo resgate histórico já sei tratar-se de um achado musical.
Fico com uma indisfarçada alegria em ter a honra de ser lembrado em minha admiração ao grande poeta, por tantos amigos-leitores e amigos do dia-a-dia. De certa forma não foi por acaso que, há quase um ano, nominei o meu rebento, minha obra maior, em sua (Vinícius) homenagem:

"Ave, Poetinha

Eis a vida que irrompes num átimo.
Um mundo que não é tão belo assim.
Perdoa-me, mas há um quê de poético.
Mas, se não tê-lo, como sabê-lo enfim?
Verás que há algo de beleza que é ímpar.
Descubras que vale a pena, entretanto.
Olhando, aos poucos, sigas em frente.
Me libertas com o teu riso em choro.
Abras os olhos para esse novo mundo.
Eu sei que é feio e há dor lancinante.
Nos desculpe pelo convite tão abrupto.
Mas o amor que existe é imensurável.
Tanto que as palavras dizem tão pouco.
Vai, meu filho, me carrega contigo
..."

E é bom saber também que nesta cimeira virtual, há o encontro de tanta gente boa. É ou não é a vida a arte do encontro?

quinta-feira, outubro 16

Cinema, Renato Russo e Jornalismo - Quem sobreviver ao lento carregar desta página (alguém me ajuda neste mister específico, já que meu claudicante conhecimento de templates e HTML não me permite solucionar tal lentidão? Letters to the publisher...) verá que eu pincei dos alfarrábios binários-anômicos um módico texto sobre bons momentos do passado:

"Good Times Old Times

St. Elmo's Fire - Assisti novamente há alguns dias, ao filme St. Elmo's Fire, um ótimo exemplo do cinema juvenil da década de 80. Essa produção datada de 1985, é uma das poucas exceções que faço ao cinema comercial norte-americano, porque marcou uma época muito boa para mim, sem falar que as atrizes Ally Sheed e Andie MacDowell estão mais lindas do que nunca nessa obra.
Numa rara boa tradução, o título em nosso vernáculo ficou em "O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas". Já havia falado nele antes, aqui no Anomia, mas sempre é bom rever um filme que marcou muito meus tenros anos de cinéfilo.
Revi a cena em que o apaixonado Emilio Estevez rouba um beijo da sua musa, Andie MacDowel. A cena é lapidar, não apenas pela exuberante beleza da atriz, mas por toda atmosfera do filme, bem trabalhada por um roteiro competente.
Depois de cerca de dezessete anos, o filme se torna bastante ingênuo, mas ainda vale pelo elenco que reuniu e pelas boas recordações que me traz.

Renato Manfredini Júnior - Seis anos sem o grande Renato Russo. Perdeu a música, perdeu o lirismo que sobrevivia no rock nacional, perdemos nós um grande poeta. Dia 11 de outubro passado, mais um ano. Essa é para ler ao som de Vento no LItoral, para mim a melhor do Legião. Saudades...

Anomia, Dicotomia e Jornalismo na UFC- A origem do nome deste blog adveio da linda palavra que me visitava o consciente e inconsciente amiúde, nos tempos de Comunicação Social na UFC. Lembro que, quando descobri a palavra Anomia, me apaixonei à primeira vista, pois a palavra definia muito bem o cinema, o status quo, tudo que via ao meu redor, enfim. Hoje, está mais atual do que nunca. Além de anomia, outro "chavão" era "dicotomia". Lembro até que uma grande colega brincava comigo pelo uso exagerado da palavra nas aulas da Comunicação Social e nos inesquecíveis encontros boêmios e "revolucionários" do Cantinho do Céu. Realmente, eu conseguia achar que tudo era dicotômico. A colega, deputada Luizianne Lins, ainda hoje deve lembrar desse fato engraçado. Saudades da UFC..."

segunda-feira, outubro 13

Porque deve andar perto uma mulher... - Em resposta às pertinentes indagações poéticas levantadas pelos diletos Fábio e Inagaki nos comentários do post passado, republico o texto no qual citei o Soneto do Corifeu, mais um belíssimo exemplar da lavra do Poetinha.


Vincent Van Gogh - La Nuit Etoilee

"Reminiscências da Noite - Uma noite só comigo, onde recordo o passado. Uma noite sem vozes, sem música. Sozinho com o pinho cansado e a pena já gasta. Resquícios do dia que já se foi. São poucos os acordes com os quais celebro o adormecer lento. Noite sem ninguém. Só às palavras do Poeta:


"Soneto do Corifeu


São demais os perigos desta vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida.

E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher.

Deve andar perto uma mulher que é feita
De música, luar e sentimento
E que a vida não quer, de tão perfeita.

Uma mulher que é como a própria Lua:
Tão linda que só espalha sofrimento
Tão cheia de pudor que vive nua.
"
Vinicius de Moraes


Uma noite sem paisagens, só vontades. Sem sono, só sonhos. O cheiro da noite completa o ambiente noctívago, repleto de personagens e palavras que desfilam por entre os labirintos do meu imaginário inquieto, as páginas inconscientes de um romance por escrever e a voz emudecida pelo cansaço. Solitário olhar que caminha lento, pautado pela pulsar claudicante em minhas veias. À vista cansada saltam as palavras de um poema escrito num passado distante:


"Soneto do Acordar-te

Em um momento perdido no tempo eu queria te desvendar.
Emaranhar-me ao teu corpo e me permitir o teu abraço.
Numa aposta em que nunca saberemos os vencedores,
Às marcas dos beijos que sonhei uma única vez roubar-te.

Acordar às cordas que nos prendem os corpos em êxtase.
Marcar-te às amarras com um beijo ao único acordar-te.
E hoje, durante um efêmero segundo, eu tive você, minha.
E dos teus lábios de carmim eu suguei o sentido da vida.

Mas ousei apagar meu desejo como deletam-se imagens.
E me foi suficiente por um tênue cavalgar de segundos.
Quando me amarrou ao passado que nunca há de existir.

E Me doeu pensar que nunca te saberei um beijo sequer.
E à vibrante cor dos olhos de cujo espelho não esquecerei,
Eu me vi te amando, apaixonado que fui em um segundo.
""

sexta-feira, outubro 10

Ashes From The Past

"Sozinho.
Na vitrola, John Coltrane embala meus pensamentos soltos, imediatamente após Betânia ter cantado As Canções Que Você Fez Para Mim.
No copo, Reds. Não, nada a ver com a película de Warren Beatty. Muito a ver com Sean Connery.
À Inútil Paisagem, carros, muitos carros que voam em direção ao feriado.
Na memória, espaços esparsos. Além disso, Pouco Tempo.
No coração, muitas pessoas. Ao meu lado, ninguém.
Como é bela a noite. O fim-de-semana começa..."

Antes que eu esqueça, Ela, de novo aqui no Anomia, já que seu espetáculo talvez seja um dos poucos que nos coloca a todos em sintonia (e eu, além de minha devoção à natureza, nos últimos tempos findei por ser um editor de mim mesmo, à falta de tempo e de versos):

"Nossos Encontros de Hoje - Ao som de Duets, mais precisamente às vozes de Frank Sinatra e Tom Jobim em Fly me To The Moon, de minha varanda eu a vejo tão linda assim. E não consigo conter-me, assim peço desculpas à mais essa republicação desse poema aqui no Anomia:



Convite ao nosso encontro de hoje:

Primeiro, ela não se revelou por inteiro, pudicamente foi chegando remansosa.
Em pequenos espasmos de luz, fui sentindo o seu gosto, sua beleza.
Fui corrompido em minha retidão pelo seu charme sem par.
Mansidão que me envolveu num átimo. Companheira, até os confins.
E me chegou toda, desposei-me com ela em minha elucubrações.
Ela me confessa que irá mostrar-se hoje, novamente.
E eu vos convido a desfrutar desse espetáculo, que por poucos segundos é só nosso.
E nada mais "reality" nesse show tão global, que é o seu despertar desnuda.
Nascer que há de ser compartilhado pelos libertos.
Mesmo que distantes, estamos todos em sua sintonia.
Usurpa, do sol, raios que espelha em nossas mentes inférteis.
Lua eu te aguardo hoje em tua gênese.
Convido a todos. Sejamos espectadores passageiros por um minuto!
Quando passarmos, ela há de nos observar. Mas hoje, é só nossa.
Lua cheia, luar que ela me prometeu.
Paremos nossas máquinas, observemos o cosmos.
Divido com todos esse nascer de hoje. Festejêmo-la! "

E la nave va..."

quinta-feira, outubro 9


Reuters
Lennon & Poetry - O dia hoje, marca o nascimento de Sir John Winston Lennon, há exatos 63 anos. Acerca dessa efeméride, já me manifeste aqui ano passado. É igualmente especial a presente data por um outro motivo, por alguém que sequer me lê os bobos devaneios neste espaço anômico. Se é que há uma barreira às minhas palavras, que elas sobrevivam ao tempo, que não emudeçam sem alcançar o seu destino, pois a minha poesia é sua:

"Pouco Tempo

Tanto tempo desse amor insensato.
Porque se não é insensato não é amor.
Tanto tempo desse amálgama de corpos.
Perdi a noção do meu começo e seu fim.
Tanto tempo amando-te sem pensar.
Porque o pensamento não se coaduna.
Tanto tempo sendo tão feliz assim.
Porque sem você eu deixo de ser."

quarta-feira, outubro 8

Um Austríaco na Califórnia - Ou - Anomia Parte I - Sem maiores comentários. Há fatos que falam tanto por si que dispensam inúmeras conjecturas, principalmente aqueles que denotam que há um porra-louquismo generalizado no ar. Anomia, será? No ar, eu digo, e não Noir, que é um gênero até delicado e bom de se ver. E la nave va...

Exterminador (Eleitoral) do Presente

segunda-feira, outubro 6

Já Disse Aqui, Outrora:

"Metáforas Musicais - No rumo da Justiça do Trabalho, imerso em solitários pensamentos dentro do carro. Escuto "Vento no Litoral". Dueto belíssimo entre Manfredini Junior e Cássia Eller, metaforiza minha ida aos idílios burocráticos do Judiciário. Mas, Alguém já disse com bastante propriedade que há algo de delicioso nas incertezas da burocracia. Embalado pela música, sigo ao Fórum enquanto percebo, às ruas repletas de pessoas embora desertas, que os espaços esparsos da minha mente materializam-se nelas.

No almoço, Sushi Bar, novamente sozinho por alguns minutos. Solitariamente. Solitária mente. Escuto Paul Simon e Art Garfunkel em "The Sound of Silence". Silêncio ao som do nada. É a metáfora a invadir o dia-a-dia de nossas vidas. "

sábado, outubro 4

Divagações à Tarde de Sábado

Divagações à Tarde de Sábado

Imagens me escapam, escorregadias, dos minutos que povoaram minh'alma cansada.
Teus olhos perdidos na noite, lúgubre, vívidos que me resplandecem o sonho.
Não me percebo mais em seu espelho distante, agora tão frio.
Uma garrafa repousa solene à minha frente, sozinho.
Sons que me confortam o torpor do espírito.
Não me vejo mais em teus olhos.
Jazz em meu corpo, ardor.
Jaz em meu copo vazio.
Já não me espelham.
À luz de teus olhos.
Não mais.
Amor.

Post Scriptum: Tanto tempo sem criar, apenas republicando causos e cousas aqui neste "enviroment" anômico, e quando me resolvo inspirar, vêm tais palavras macambúzias.... Assim não me sinto, mas quem sou eu para duvidar de duvidosas inspirações?

quarta-feira, outubro 1

E por falar em Cinema... - Em homenagem aos posts recentes dos amigos Inagaki e Meg, republico alguns devaneios sobre filmes que me comovem:



"Sétima arte, novamente...

...para falar sobre alguns cult movies que me comovem até hoje.

Inicialmente, lembro de "O peso de um passado (Running on Empty)", do grande diretor Sidney Lumet. O filme é um ilustre desconhecido, mas se trata de uma pequena obra-prima em matéria de cinema comercial. No elenco, o jovem River Phoenix (que veio a ter um fim trágico tempos depois) é filho de um casal de comunistas norte-americanos que vive em fuga no solo americano após um atentado que matou o vigia de uma fábrica.De per si, o roteiro já é raro de se ver. Além disso, no rol das cenas antológicas, a atriz que interpreta a mãe de Phoenix (Christti Lahti), se reencontra com seus familiares, num desempenho ímpar.

O mesmo Lumet (em minha opinião um dos melhores diretores em solo norte-americano), também foi responsável por "Um Dia de Cão" "Sérpico", "O Veredito" e outros grandes filmes.

Outro Cult inesquecível, é "O Selvagem da Motocicleta (Rumble Fish)" do Coppola, uma obra célebre que traz Mickey Rourke (numa aparente promissora carreira) e outros jovens atores. O filme, em P&B, somente tem uma cena colorida: peixes-de-briga num aquário, extamentente os Rumble fish do título. Imperdível.

O magnífico Welles nos trouxe "A Marca da Maldade (Touch of Evil)" uma pérola do gênero Noir. Esse filme rodado em P&B possui cena inicial espetacular: um longo travelling permeado por suspense que em nada deve ao melhor de Hitchcock. Ademais, uma das cenas traz um ofegante Orson Welles saindo de um carro de polícia, numa atuação também brilhante.

A cinemateca mundial possui outos inúmeros exemplares, mas os três citados são bons exemplos de filmes Cult.
Nada melhor (na maioria das vezes) do que locupletar-se da razão respaldado por um bom filme a nos inocular um suave torpor de fantasia... ;-)"

Porque escrevo

Cada um tem a sua terapia. Há os que correm, pintam, cantam... Minha maior terapia é escrever. Posso ser o que sou, o que nu...